terça-feira, 13 de outubro de 2009

Abstinência

Boca seca. Lábio quente. Lingua áspera.

Pele viva. A veia pulsa ainda que fraca...

Nos olhos, o lacrimejar constante. Na garganta, um choro preso, que arranha e engasga. Sufoca. 

Na visão, vultos. Sepulcros. Fantasmas que não quis. Tuas sombras se arrastam entre minhas pernas, me perceguem.

Teu cheiro me invade, não me deixam respirar... Mas você não está aqui.

Nas mãos, o teu toque. Na pele, teus sentidos. E no peito, um palpitar rarefeito, torturante, querendo desistir dos seus caminhos.

Ainda consigo suspirar. Quase em suplício uma palavra abre espaço entre os dentes já cerrados...

"Volta"

 e o peito arde feito corte seco de navalha.


por Raquel Duarte

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