sábado, 26 de julho de 2008

Origem

De onde você quem? Por que trazes o frescor de um tempo que ficou em mim? Vejo você em frases curtas, em pensamentos tantos, que desnudam as almas mais puras.

Desperta em mim algo de mulher que ainda não desvendei. O beijo que não entreguei, a troca de olhares que ficaram perdidos no tempo...remotamente na expectativa de te ver de perto. Tanto quanto possa estar.

Me confunde o espírito entre ser e estar. Entre querer e temer. Entre enxergar e fantasiar. Entre ser e deixar morrer.

Me convida, insistente, para que eu te reafirme. Mas você não existe. Está a um passo de se perpetuar em meus sonhos de desejos insolúveis.

E ao mesmo tempo, já estás em mim. Perpetuado nos meus lábios, sedentos do teu gosto, completo e único.

Tamanha obsessão só poderia enclausurar-me nesta distância incoerente que nos une...sim, nos une em pensamentos que jamais desistirão de percorrer nossos corpos...e vislumbrar nossas almas, conferindo esse saboroso mistério de querer entender-te, decifrar-te e descobrir em mim, segredos, que só decifrarei com você.

Não desista tão fácil.

domingo, 6 de julho de 2008

Quase estar


Minha mente ferve. Cai a noite e borbulham pensamentos intranqüilos. Assim, deixo os suores noturnos molharem o corpo, trêmulo, estranhamente gélido. Todos os sons parecem gritar a noite. Ouço de perto os pássaros, os passos humanos, os pneus dos carros sob as poças da chuva. Sinto o som das folhas que caem das árvores. E a textura insólida dos pensamentos. A paz é um disfarce da tortura noturna, deste silêncio que massacra as mentes incertas.

Certa vez, passei por caminhos sombrios, não entrei, mas fiquei tempo bastante para sentir as sensações de perigo, a adrenalina acalorando o corpo, a vontade de ir em frente. Senti uma certa liberdade, o soprar do vento entre os cabelos, um arrepio insano percorrer alma. E estava apenas no ínicio, sem a intenção real de entrar, mas com aquela curiosidade insana de ir em frente. Por alguns minutos, talvez segundos, talvez até imensuráveis instantes, me permiti entrar um pouco, ir um pouco além. Queria entender os limites da alma e as verdades humanas.

Não segui nesta direção porque despertei, como num transe. Acordei num susto, senti alívio, pois os caminhos sangrentos não existiam mais. No entanto, não houve testemunha, a não ser minha razão e verdade. Sobrou minha solidão inquieta, que agora me retorce o espírito, vez ou outra, quando me perco em pensamentos noturnos.

Sou tão impaciente e cruel comigo mesma, o pior dos juízes. Tenho um carrasco dentro de mim, que me esgota, me suga, me lambe longamente os desejos secretos. Sem piedade ou remorço ele me devora, lentamente, feito verme. Mas resisto bravamente, rumo a uma nova descoberta.