sábado, 6 de setembro de 2008

Entretanto

Quase chove.
Sinto o perfume prévio da chuva. O deleite do vento, que atrevido, não exita em tocar a pele. Observo o arrepio de um corpo em chamas. Que apesar dos medos e mistérios tantos, sobrevive.

Quase chove.
Ainda assim é forte nossa última conversa. O sussurros trocados e frases incertas. A incógnita que persiste, que tortura, que maltrata feito o mar em fúria.

Quase chove.
E recolhi todas as coisas para ir embora. Para finalmente fechar os olhos e não imaginar voce. Para então, livre, percorrer novos pensamentos do mundo.

Quase chove.
Posso pressenti-la, mas ela não chega. Feito espírito, sua ausência não é exata. Nem pura. Nem inteira como eu e você...alguns dias.

Quase chove.
Mas não há sensação de completude. Nem alarme. Nem fuga. Mas prendo em mim os milhares de gritos que soltaria se, por um minuto, entendesse você em mim. Se eu te olhasse... Quem sabe desmistificaria sua existência.

Acredite.
Desta vez, não falta muito para a chuva cair e um novo tempo começar, lavando a alma e tudo que ela somou um dia. Mesmo que assim, reste apenas a embriaguez de sua ausência... desejo a chuva.