segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Das expectativas

Assim, como um lamento
carrego comigo o tempo
que amarra o espírito
faminto de algo que não vejo.


Assim, como lâmina
cujo corte é preciso
pergunto-me quanto me resta
enquanto em desatino,
espero.


Desta forma e não de outra
tenho sobre os ombros
a intranquila espera
desta sombra ou luz
que me atingem em cheio
quando me vejo em teus olhos.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Desculpa




Destas convulsões registro o pensamento constante da cura, ainda que o método obsoleto seja o disfarce,  vez ou outra vomito todos os pensamentos, assim ejaculam-se as frases imperfeitas e soluções malditas para algo que chamo carinhosamente de humor, fingindo que não são verdades místicas deste sentimento que me rasga inteira, ainda que eu implore absolvição.

Rastejantes frases. Gosmentas, repletas dos nódulos esverdeados do abandono .Carregam em si, pensamentos inoportunos e despidos de decência  embriagados desta ânsia louca, de querer mais, invadir e sequestrar esta  alma em desvantagem virginal.

Desta  paixão, recolho minha vergonha, que embora enrustida em tantos risos soltos, me queixa de tanta aniquilação.  Ouço-a, mas perco-a quando então meus olhos se veem nos seus. E  quando, quase sem perceber, pousam em sua boca , registrando o formato, a cor e o movimento dos seus lábios ao libertar as palavras ao vento que enfim, são ofertadas à mim.

Cada vez mais rara é tua presença e tornando assim mais valioso seu espírito, que agora migra longe, entre o trabalho e a rotina incessante, danificando o contato com as verdades simples, calejando meus sonhos e fantasias destemidas de tantos nãos,

(Respiro) Seria sensato ir embora. “Toma esse sentimento que devora em mim as vísceras da sensatez cotidiana, me declaro livre .”
 Mas não sou covarde, mesmo com este acúmulo de esperas e medos e até de suspeitas em que nosso reencontro eu  transgrida, urre ou simplesmente me deixe seduzir pelo feitiço de ter seus lábios nos meus...incessantemente, não quero ir.

Não estou pronta para partir, embora algo que mais anseie seja a liberdade de ficar só, ainda não consigo. Preciso saber que você existe no meu mundo, mesmo que não para mim, ou para ninguém, mas que coexiste desta forma que tu és, com todos seus desígnios, crenças e temores. Assim...

Assim mesmo. Fica em mim e deita no meu peito só desta vez. Poderá então fincar suas raízes lá dentro, circulando todos órgãos e enfim compreendendo que falo de algo muito além do sexo. Inexplicavelmente mais sedutor. Mais puro e mais instigante que isso,

Deite aqui então e me diz porque estamos aqui.
Porque já não tenho mais respostas.



Raquel Duarte